sábado, 11 de dezembro de 2010

OS TRÊS PRIMEIROS CONTOS A CONCURSO

Caros Amigos

Tal como prometi, apresento-vos neste 1º post, os TRÊS PRIMEIROS CONTOS, sujeitos à votação.
Podem votar todos os que quiserem, atribuindo 10 pontos ao conto que mais agradar, depois 6 pontos ao seguinte e ao outro 2 pontos.

Colocarei entre hoje e amanhã os 9 contos participantes.
Obrigada!

CONTO Nº1 - O SABOR DA NEVEBrrr! O Inverno, na verdade, chegara cedo naquele ano e mostrava-se com pressa de enregelar as coisas, os animais e as pessoas. Dezembro mal despontava e a neve tomara já posse da cidade. Estendera os seus tapetes de feltro sobre os telhados inclinados das casas e sobre a superfície plana das ruas, cobrira de mantas, ao acaso, as àrvores nuas.
Maria Luís com o seu dufflecoat colado ao corpo, as faces ou o que delas se via, crivadas de flocos de neve, seguia pela avenida de Berlim, em direcção a casa.
— Brr...!
Perto de casa, Maria Luís tropeçou numa enorme pedra escondida sob a neve, e quase ía a soltar uma praga, quando nesse instante, ouviu a voz da sua senhoria.
— O carteiro deixou uma carta para a menina. Sabe, disse ela com um sorriso malicioso, a carta não vem de Portugal, mas sim da Inglaterra.
Ao princípio mostrou-se surpreendida com semelhante carta, mas logo, impelida por uma súbita ideia:
— Oh! É de um amigo português que está a estudar em Londres.
Com efeito, a carta era do Alberto, que anunciava que vinha passar o Natal com ela.
Maria Luís não dormiu em toda a noite. Viu-se no Porto, naquele restaurante barato perto da Escola de Belas Artes. Foi aí, que ela conheceu o Alberto.
Na véspera da Noite de Consoada, a neve invadiu a cidade; blocos de gelo tornaram as ruas perigosas. Eram cinco horas da tarde, quando a Maria Luís chegou à estação, o comboio devia chegar dentro de momentos, porém devido à vaga de frio o tráfico rodoviário era caótico, e os comboios eram afectados por fortes atrasos.
Chateada, sentou-me num banco da gare e passou pelo sono. Sobressaltada, saltou do banco, quando ouviu anunciar a entrada do comboio de que estava à espera.
A figura do Alberto desenhou-se no enquadramento da porta da carruagem e, depois de trocadas as saudaçoes habituais, tomaram um táxi a caminho de casa. Já no táxi, Alberto voltou-se para a companheira com um sorriso e deu-lhe a conhecer o plano dessa noite.
— Em Londres conheci uma jovem pintora alemã, a Heike, que tem um atelier aqui na cidade, e convidou-nos para a visitarmos esta noite. Estás de acordo?
— Pergunta desnecessária, Alberto. Claro que estou de acordo!
O atelier ficava na cidade velha. Não era lá muito grande e apenas iluminado com a luz de velas pretas. Heike de estatura mediana, cabelos e olhos castanhos claros devia ter uns 28 anos. Um amigo dela, o Christian, já se encontrava no atelier quando os dois portugueses lá chegaram. Depois de beberem alguns aperitivos, foram jantar a um restaurante checo.
Ao sairem do restaurante, Maria Luís e o Christian íam numa conversa tão animada, que nem repararam que a Heike o o Alberto tinham ficado para trás. Só muito mais tarde é que deram conta, que os amigos tinham desaparecido. Procuraram nos bares que a Heike costumava frequentar, mas sem sucesso.
Na manhã seguinte, apareceu o Alberto e contou o que lhe tinha acontecido na noite anterior. Ao sair do restaurante escorregou na neve e partiu a cabeça. A Heike levou-o ao hospital mais próximo, onde ficou para observações.
Estavam ambos pálidos e olheirentos. Maria Luís acordara com dores de garganta, dores no corpo e arrepios de frio, síntomes de uma gripe.
— Não temos fome, mas uma canja quentinha reconforta-nos, disse ela dirigindo-se à cozinha.
Ao cair da tarde, apareceu o Anton, um amigo alemão da Maria Luís. Vinha buscá-la para passar a Noite de Consoada com a família dele.
Que podia a Maria Luís responder? Não! Não! Pobre Alberto.
Sentia o coração pesado, mas subitamente egoísta aceitou o convite.
Do que então se passou, não lhe ficou mais do que uma confusa recordação. Lembrava-se com uma precisão nítida das palavras que a mãe de Anton disse ao vê-la:
— A rapariga está a arder. Vou preparar o teu quarto para ela, e tu ficas no quarto de hóspedes. Entretanto, chama o médico de urgência.
Maria Luís melhorou da pneumonia e regressou à sua mansarda nos príncípios de Janeiro. Grata pelos cuidados extremos que a mãe de Anton tinha tido com ela, mandou-lhe um lindíssimo ramo de rosas brancas através da Fleurop, que a deixou arruinada.
Um ano mais tarde, Maria Luís já não era a estrangeira, a estranha, o fruto exótico, que toda a família comprimida à porta da entrada olhava com curiosidade quando chegou lá a casa naquela Noite de Consoada. Maria Luís pertencia agora a essa família.


CONTO Nº2 - A QUINTAEra uma tarde chuvosa e fria de inverno.
Nas instalações de uma instituição de solidariedade social, se por um lado havia toda a alegria e entusiasmo de uma festa de Natal, por outro, numa outra dependência a direcção reunida, dava voltas e mais voltas à imaginação… Era necessário e urgente encontrar um espaço que permitisse recuperar todos os que, viciados no álcool ou nas drogas, iniciaram um processo de cura.
Não podia ser um espaço qualquer… Teria que reunir condições de acolhimento aliadas a outras onde um trabalho tutelado pudesse distrai-los do seu problema e prepará-los para uma vida futura.
De repente a campainha da porta soou. Nem mais estridente, nem mais calma que das outras vezes.
Do lado de fora duas senhoras de meia idade pediam para falar com a direcção.
Não é possível neste momento, pois por um lado decorre a festa de Natal e por outro a direcção encontra-se em reunião – foi a resposta dada às senhoras.
Insistiram e disseram que era muito urgente, uma situação quase de vida ou de morte.
Perante a insistência, a empregada encheu-se de coragem e interrompeu a reunião. Ainda lhe foi dito não ser possível atender as senhoras, mas quando ouviram tratar-se de um assunto tão urgente, o presidente pediu que fizesse entrar as senhoras para o seu gabinete.
De uma forma admirável de educação e humildade as senhoras disseram: - Gostaríamos de pedir licença para oferecer à instituição uma quinta de 2,5 hectares numa aldeia próxima da cidade, com casa de habitação em bom estado de conservação e terrenos prontos a serem lavrados.
O presidente nem queria acreditar no que ouvia …
Mas as senhoras continuaram: - Pedimos desculpa da insistência para que nos atendesse, mas temos a nossa irmã a morrer e ela gostaria de assistir a esta doação. É uma quinta de família que a nós não faz falta e gostaríamos de a ver ser útil a alguém. Está tudo pronto, disseram, para que se concretize a doação. Teremos apenas que marcar o dia.
O presidente muito comovido, acompanhou as senhoras à porta, e prometeu que tão cedo quanto possível daria notícias.
Entrou de novo na reunião e contou o sucedido.
A notícia foi saudada com uma salva de palmas.
Dentro de quinze dias estava tudo pronto para ser assinado o contrato. O notário deslocou-se a casa pois uma das benfeitoras não podia sair. Um ramo de rosas acompanhou a direcção, que foi recebida com a mesma generosidade e humildade.
Oito dias depois, era véspera de Natal e a senhora partia, depois de ver cumprido o seu último desejo.


CONTO Nº 3 – UMA PRENDA DE NATALEra uma vez, num Natal já lá vão muitos anos, uma história verídica, de uma menina que todos os dias ao ir para o colégio passava por uma loja onde se vendiam as coisas mais variadas.
Durante o ano era uma papelaria, recheada de todos os materiais, que nos faziam parar, lápis de cor que dançavam nas caixas coloridas, cheios de vida, papéis coloridos que nos apetecia comprar para os mais variados trabalhos.
Chegando a época natalícia a montra enchia-se de brinquedos (não como agora), mas para os nossos olhos de criança, o pouco que fosse já era muito.

Eis que todas as tardes ao sair do colégio a menina que tinha uma aula de ballet, no regresso a paragem era obrigatória, olhar para a montra e namorar um boneco de olhos azuis que lhe fazia lembrar o azul do céu e ficar não horas, porque não podia, mas largos minutos, aquele era o presente que ela desejava com toda a força, mas era tão caro que não sabia se o Menino Jesus que tinha tantos meninos para satisfazer teria possibilidades de lhe trazer aquele lindo boneco.

O primeiro ano passou, e o boneco não apareceu, a tristeza foi inimaginável, tinha cumprido tudo o que se pedia na altura, tinha-se portado bem, tinha estudado e o boneco continuava lá a olhar para ela, quando passava das suas voltas diárias.
No ano seguinte tudo se repetiu, o boneco voltou à montra da loja mágica e a menina voltou a ter esperança que seria dessa vez que o Jesus a contemplaria com tamanho desejo.
Na noite de Natal com o coraçãozito muito apertado lá se dirigiu à chaminé para pôr o sapatito, na esperança de ver no dia seguinte, tornar-se realidade aquele sonho que lhe invadia todo o corpo de criança, a magia do natal teria que funcionar.
Claro está que o ouvido esteve toda a noite bem sintonizado para a chaminé, porque todos os barulhos eram suspeitos, o frio era muito, custava a destapar a cabeça dos lençois tão cheirosos mas a vontade de conseguir ouvir alguém a descer era mais forte que o frio, o cansaço e a excitação acabava por fazer adormecer as crianças que esperavam ansiosamente pela manhã daquele dia de Natal.
Ainda os pais dormiam e toda a família, e aos primeiros raios de sol,(quando existiam), toda a criançada corria, para finalmente olhar para os presentes tão aguardados na grande chaminé de pedra marmorada, mas para a menina só o boneco bonito a poderia fazer feliz, entre ela e o boneco gerou-se uma cumplicidade tão grande naquela loja que não era possível, o milagre teria que acontecer naquele ano.
Ao longe um embrulho muito grande num papel também lindíssimo, seria o seu boneco?????
E o inexplicável aconteceu, era o Zé como ela na altura lhe chamou.
Nunca mais se separaram, durante anos aquele boneco foi vestido por tias, avós e toda a gente que pudesse, até teve direito a baptizado com fato e tudo, convite das amigas, lanche, com bolos e arroz doce.
FOI UM SONHO TORNADO REALIDADE
E O SONHO FOI TÃO GRANDE E TÃO LONGE QUE O ZÉ AINDA HOJE ESTÁ NA MINHA COMPANHIA.
Não envelhece porque é um boneco, mas os sinais do tempo já se fazem sentir, um dos lindos olhos azuis já abre com com alguma dificuldade, já não diz mamã, mas continua a ser um dos mais bonitos presentes com que algum dia sonhei e que se tornou realidade, e continuará sempre comigo guardado num lugar muito especial

4 comentários:

Tite disse...

Amiga Licas,

Já li os 3 primeiros contos publicados e aguardo os restantes para me pronunciar.

Como vês sigo a risca as instruções.

Para já estou a gostar.

Beijossss

ematejoca disse...

Prefiro ler os 9 contos em 3 dias consecutivos, e no dia 16 tens a minha votação!

Bom fim-de-semana!

Graça Pereira disse...

Querida Licas
Parabens pelo sucesso!
Vou lê-los a todos com calma e votarei em consciência!
Beijocas
Graça

BC disse...

Vou começar a ler com calma e a votação chegará no dia certo.
Beijinhos