domingo, 30 de novembro de 2008

ESTÁ A CHEGAR O NATAL !!!


É verdade!
O Natal da minha infância onde cabia apenas a alegria da família reunida, o calor que dela emanava, o cheirinho às goluseimas, o mistério do Pai Natal e a surpresa das prendas.
O mundo evoluiu e muita coisa mudou, não apenas no nosso modo de viver, mas sobretudo na forma como encaramos os momentos.
Ainda tenho em mim a magia do Natal e quero com muita força transmiti-la aos que me rodeiam. especialmente aos meus pequeninos.
Visto-me de Pai Natal e sinto-lhes o medo, a curiosidade e a alegria do desconhecido.
Mas ...
Quando páro, dou comigo a pensar no mundo em que vivemos. As canções de Natal aparecem no meu espírito, misturadas com o som das bombas e granadas que por esse mundo fora fazem com que as noites se iluminem de tristeza e pânico.
Penso nessas mães que pela primeira vez passarão o Natal, envoltas em núvens escuras de luto e saudade pelos seus filhos.
Vejo as casas sem pão
Vejo os que pelas ruas circulam sem um abraço que os aqueça.
Vejo os hospitais, os lares de 3ª idade...
Vejo as crianças com armas na mão e aquelas com ódio e desprezo no coração.
Vejo os Homens que se degladiam, esquecendo que no dicionário existe a palavra tolerância.
Vejo filhos que maltratam os Pais
Vejo Professores que lutam
Vejo ... Vejo ... Vejo
E penso. - Que é feito do mundo em que cresci?

Fui eu que mudei? Sou eu que começo a desacreditar nele?
Quem sabe!



Talvez tenha sido o medo que passei esta semana quando vi o meu filho, o único filho, em Bombaim no meio de uma luta desigual, sangrenta, fria e calculista, que não lhe dizia respeito, mas pela qual poderia perder -como com muitos aconteceu- a própria vida.

Só tenho a agradecer ao Menino Jesus, ter-me poupado a este desgosto e com a magia possível festejar o Seu dia - O Dia de Natal.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A TOLERÂNCIA CONSTRÓI A PAZ


Ontem, dia 16 de Novembro, celebrou-se o Dia da Tolerância!
Acho um tema interessante para desenvolver, porque cada vez mais este conceito parece estar a desaparecer das nossas vidas e até o seu significado a esbater-se no interior do dicionário.

Citações:
«A tolerância é a caridade da inteligência» (Jules Lemaître).
«Ela implica que os outros não pensem como nós, sem por isso os odiar». (P.H.Spaak).
«A tolerância é este género de sabedoria que ultrapassa o fanatismo, este terrível amor da verdade» (Alain).
«A tolerância é uma ascese no exercício do poder» (Paul Ricoeur).



Vou pois pensar um pouco convosco...

A palavra tolerância, provém da palavra Tolerare que significa etimologicamente sofrer ou suportar pacientemente.
O conceito tolerância radica na aceitação daquilo que se apresenta distinto da maneira de agir, pensar e sentir de cada um.
Este tolerar pode significar uma simples aceitação das diferenças, ou uma capacidade maior de aceitação e integração de alguém que por diferentes razões é diferente de nós próprios.

Talvez se compreenda melhor se recuarmos um pouco até à fundamentação teórica deste conceito e perguntarmos...
Será a tolerância uma exigência moral? Teológica?

Segundo alguns filósofos há quatro perspectivas essenciais sobre a fundamentação da tolerância.

1. A Tolerância como Prudência. Pode tolerar-se por mero calculo, tendo em vista, por exemplo, evitar conflitos quando não se têm a certeza quanto ao desfecho final dos mesmos. Pode também tolerar-se posições contrárias quando não se tem a certeza sobre algo.

2.A Tolerância como Indiferença. Pode tolerar-se por uma questão de princípio relativista. Se aceitarmos que não existem verdades absolutas, então todas as posições se tornam legítimas e aceitáveis. Pode tolerar-se também devido há ausência de convicções e valores próprios. Neste caso aceita-se as ideias do Outro não por respeito, mas porque não se possui nada para opor ou defender. Nesta perspectiva, a tolerância terminar quase sempre no indiferença, onde a verdade e a mentira se equivalem.

3. A Tolerância como Culto das Diferenças.Podemos ser tolerantes por respeito pelas diferenças do Outro. Nas nossas sociedades, este tipo de tolerância manifesta-se frequentemente em relação a duas situações muito distintas: a) Aceitam-se e respeitam-se as diferenças daqueles que outrora foram discriminados, como os homossexuais;
b) Aceitam-se e respeitam-se todas as culturas que antes foram discriminadas ou combatidas. Neste último caso, a sua negação é assumida como um empobrecimento da diversidade cultural da humanidade. Este princípio tem servido tanto para fundamentar o multiculticulturalismo como o racismo e a xenofobia. Na verdade a aceitação da identidade cultural do Outro não significa que o aceitamos como igual, nem sequer que aceitemos conviver no mesmo espaço."Iguais, mas separados" é, não nos podemos esquecer, um dos novos lemas do racismo.

4. A Tolerância como uma exigência dos Direitos Humanos. Desde a antiguidade clássica que a especulação sobre a natureza humana se traduziu na afirmação de que todo o ser humano possui um conjunto de direitos fundamentais ou naturais imutáveis: liberdade, dignidade, etc. Baseado neste pressuposto, John Locke, por exemplo, irá fundamentar a tolerância.

Agora...
É inquestionável que a tolerância não é universal e constante. Tem, como tudo na vida, os seus limites pelo que deve ser exercida conscientemente , respeitando os direitos individuais, incluindo os seus próprios direitos, enquanto ser humano, cidadão, trabalhador ... A tolerância ilimitada e mal dirigida pode levar a dicotomias tão flagrantes que neguem a própria verdade e significado da existência e revertam o fim único desta atitude social ou individual que nos leva, não somente a reconhecer o direito a opiniões diferentes, mas também a difundi-las e manifestá-las pública ou privadamente.

E termino com uma frase de Confúcio, que julgo resumir a essência desta virtude

"Ninguém deve crer que sabe mais que os demais e que a razão está só com ele"

Privilegiar a liberdade sobre qualquer forma de dogmatismo, é a essência da sã convivência entre os homens.
Isto verifica-se na sociedade e muito especialmente nas famílias.
A intolerância creio, é a verdadeira e única razão dos divórcios, da violência doméstica, do desvio dos jovens, do insucesso escolar e de todas as situações angustiantes que povoam o mundo e especialmente, porque nos afecta mais directamente, que afecta Portugal.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

NÂO ME EXCLUO DESTA CLASSE!

Aposentei-me há perto de três anos, após uma linda vida de MUITO e abnegado trabalho como professora. Mesmo assim não consigo excluir-me deste grupo e deixar de sentir com muita intensidade, esta onda de protesto, revolta, insatisfação e tristeza dos meus colegas.
Sei o que para muitos representa verem-se tratados como um bando de incompetentes, apesar das muitas horas de esforço.

Hoje entrei na minha antiga escola.
Era normal encontrarem-se pessoas sorridentes e um ambiente apelativo. O que vi?
Caras cansadas, rostos inexpressivos, lamentos constantes, vontades firmes de abandonarem a sua profissão,,,

Um desencanto que me chocou de sobremaneira. Como me chocou ver as imagens do dia 8 de Novembro.
Dizia-se antigamente que a classe de professores era desunida ... O que a fez virar desta forma?
O que levou tanta gente a perder um fim de semana para gritar a sua intranquilidade?
Só e apenas a imensa angústia que paira na profissão, com enorme prejuízo, disso tenho a certeza, para os milhares de jovens que frequentam as nossas escolas.

Mesmo assim e perante tudo isto, há ainda quem fique impávida, com o seu olhar frio e distante, sem manifestar qualquer vontade para inverter ou amenizar a situação ... Era tão fácil!

Por favor Srª Ministra... Pare para pensar!
Nunca ouviu dizer: Aonde há fumo há fogo??? Pois tenha cuidado porque o fumo está a adensar-se e um dia quando menos esperar o fogo pode transformar o seu próprio rosto numa máscara de dor e de grande sofrimento.
Mas nesse dia ... Pode ser tarde!

A todos os colegas envio o meu forte abraço de solidariedade, mas atrevo-me a pedir-lhes:
Quando voltarem a reunir-se, como aconteceu no dia 8, façam-no com um pouco mais de sobriedade e compostura. As cançõezitas, as t-shirts grafitadas, as gargalhadas, as respostas com menos nível, podem inverter o sentido desta luta e darem motivos palpáveis, aos que pretendem denegrir a nossa imagem.

Vão em frente, mas não se esqueçam que têm muita gente com os olhos postos em vós, sobretudo os vossos alunos, que reagirão convosco, conforme as atitudes que observarem.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

RANKING DAS ESCOLAS !!!!

Embora na qualidade de aposentada e provavelmente um pouco afastada da completa realidade que hoje se vive nas escolas, continuo a ler tudo o que se escreve sobre elas, sobre a qualidade do ensino, das motivações e da falta delas.

Mantenho ainda um contacto muito estreito com as amigas e colegas que fiz durante o meu "tão querido tempo de professora" e confesso que me sinto triste por termos chegado ao ponto a que chegámos...

Só ouço críticas negativas, desmotivação, falta de tempo e disposição para ENSINAR, faltas por doença (verdadeira) em catadupa, aposentações antecipadas ... e sobretudo os alunos a sofrerem na pele todo este estado de coisas, que implicam um menor aproveitamento e se calhar no futuro, uma recordação da escola como um lugar cinzento, sem boas recordações.

O tempo em que havia sempre tempo para ouvir e até acompanhar um aluno passou.
O tempo para que uma disciplina fosse dada de uma forma mais lúdica, mas proveitosa passou.
O que vai ficar na cabecinha deste jovens ????
Geralmente em casa têm, na maioria óptimos pais, mas que trabalham muito para os educar e na escola têm professores que também trabalham muito, mas não têm tempo para eles enquanto jovens e pessoas.
Que pena!
Que será o amanhã?

Agora vieram com o ranking das escolas ...
Que me perdoem algumas dessas escolas, pois até as conheço e sei quanto merecem o lugar que ocupam, mas foquemo-nos por exemplo numa das escolas piores cotadas - Escola do Cerco.
Nunca lá trabalhei, mas fi-lo numa escola do género, com uma comunidade educativa muito complicada. Como será possível comparar-se o incomparável?
Mas o que é certo é que estes professores desta escola, vão ser avaliados com os mesmos critérios da avaliação geral...
Eles que se esforçam mais do que seria humano E JÁ HÁ MUITOS ANOS, sem que os resultados dos alunos sejam no mínimo satisfatórios. Então estes professores vão ser todos corridos a INSUFICIENTE?

Sabem o que eu faria???
Pois é, até me custa afirmá-lo - Corria todos os alunos a notas bem elevadas.
Aliás não seriam os únicos.
Já repararam na discrepância que existem entre as avaliações internas e as de exame externo, de grande parte dos alunos dessas escolas ou colégios que são cotados como os melhores?

Acabe-se com todas essas injustiças!
Avaliem-se sim os professores, mas com regras justas, sérias e que abarquem os que tiveram a sorte de calhar numa D. Maria I, ou no Cerco do Porto.

E já agora, Senhora Ministra, porque não vai trabalhar um ano para esta escola na parte oriental da cidade do Porto? Talvez compreendesse melhor muita coisa e desse ordens mais concisas e profícuas.

Para terminar, envio apenas toda a minha solidariedade para os colegas (que por acaso não conheço nenhum) desta escola do Porto e de todas as escolas do país, onde ensinar é ainda um acto de AMOR.