Num frio domingo de inverno, por vezes assola-nos um certo desencanto e tristeza.~
Olhamos para o espelho e vemos as rugas que o tempo deixou.
Pensámos em cumprir uma tarefa e ... não somos capazes, porque as costas não o permitem, porque os olhos não veem, porque nos custa a entender...
Rapidamente recordámos os dias da nossa juventude e achamos que, agora porque já só fazemos metade do que era costume, pouco ou nada valemos e está na hora de abandonar o caminho.
Mas... quando estamos no meio destes pensamentos, eis que um texto de autor desconhecido, nos faz parar ...
O POTE RACHADO
"Havia na Índia um carregador de água que transportava – em ambas as pontas de uma vara que levava atravessada no pescoço – dois potes grandes de barro.
Um dos potes tinha uma racha e o outro era perfeito.
O pote perfeito chegava sempre cheio ao final do longo caminho que ia do poço até à casa do patrão.
Mas o pote rachado chegava apenas com metade da água.
E assim, durante dois anos, o carregador entregou diariamente um pote e meio de água em casa do seu senhor.
O pote perfeito, é claro, estava orgulhoso do seu trabalho.
O pote rachado, porém, estava envergonhado da sua imperfeição. Sentia-se miserável por apenas ser capaz de realizar metade da tarefa a que estava destinado.
Depois de perceber que, ao longo de dois anos, não tinha passado de uma amarga desilusão, o pote disse um dia ao homem, à beira do poço:
- Estou envergonhado e quero pedir-te desculpa. Durante estes dois anos só entreguei metade da minha carga, porque a minha racha faz com que a água se vá derramando ao longo do caminho. Por causa do meu defeito, tu fazes o teu trabalho e não ganhas todo o salário que os teus esforços mereciam.
O homem ficou triste com a tristeza do velho pote, e disse-lhe com compaixão:
- Quando voltarmos para casa do meu senhor, quero que repares nas flores que se encontram à beira do caminho.
De facto, à medida que iam subindo a montanha, o pote rachado reparou em que havia muitas flores selvagens à beira do caminho e ficou mais animado.
Mas no final do percurso, tendo-se vazado mais uma vez metade da água, o pote sentiu-se mal de novo e voltou a pedir desculpa ao homem pela sua falha.
Então, o homem disse ao pote:
- Reparaste em que, ao longo do caminho, só havia flores de teu lado? Reparaste também em que, quando vínhamos do poço, todos os dias, tu ias regando essas flores? Ao longo de dois anos, eu pude colher flores para ornamentar a mesa do meu senhor. Se tu não fosses assim como és, ele não poderia ter essa beleza para dar graça à sua casa."
Afinal talvez por onde passamos ainda consigamos fazer despontar um sorriso, secar uma lágrima.
Se calhar ainda temos um caminho a percorrer.
Dêmos as mãos e continuemos. Ou outros esperam por nós
Um momento de reflexão num frio e triste domingo de inverno ...
9 comentários:
ola td bem? realmente ta mto frio :) bjs
Vim desejar
um feliz ano de 2010
e um beijo
Olá, Isabel
Apreciei muito o seu texto.
È muito real.
È tal qual assim...
Mas eu creio conhecê-la já o suficiente para crer que a Isabel, não é pessoa para ir trás de desânimos nem péssimismos...
E o texto que recebeu e que eu também já recebi há algum tempo, é muito, muito interessante.
E verdadeiro.
Por pouco que façamos, sempre poderemos ir fazendo nascer algumas "flores" á beira do caminho.
Lindo!
Tenha um bom dia, apesar de toda esta chuva e vento.
Um abraço
viviana
Olá Licas,
Esta história, que já conhecia e que me serve muitas vezes de exemplo, é simplesmente maravilhosa.
Pensamos muitas vezes que não estamos a dar o nosso melhor, que já não estamos aptas a fazer o nosso trabalho e a ajudar os outros....mas nas pequenas coisas, nos pequenos gestos, na nossa limitação física (que já possa existir) estamos a concluir o caminho que nos propusemos fazer aqui na Terra. E, quem nisso acredita que se sinta feliz e celebre todos os dias a sua existência. Nada do que fazemos é em vão!
Um lindo post, com um grande ensinamento.
Um grande beijinho cheio de luz
Também li o que o A. escreveu sobre o estado de saúde da nossa doentinha. Espero, que seja verdade!
Que o 2010 seja um ano excelente para todos, especialmente para os enfermos.
Volto mais tarde para ler a história...
PS: Aqui as temperaturas oscilam entre os 4 e os 7 graus negativos.
A Daisy foi-se embora, mas agora temos o Bob!!!
Nem mais, minha querida amiga. Tive uma tia que morreu com 100 anos que dizia: Não se pode ser e ter sido. Não há que deixar que um dia cinzento tape a cor às flores que fomos semeando pelo caminho. E foram tantas!
Um grande beijinho,
Maria Emília
Muito bonito este texto Licas, e muito verdadeiro, mesmo que a idade avance e nós ao longo dos anos comecemos a ter dificuldade em fazer uma ou outra coisa, podemos sempre remediar porque existe sempre algo.
E com mãos amigas e disponíveis vamos caminhando sempre!!!
Beijinhos
Amiga Licas,
Ainda bem que estava um domingo triste de inverno para tu te debateres com tamanha dúvida existencial.
Foi o modo que tu tiveste de contar esta linda lenda e eu ficar ciente que, afinal... ainda temos muito para dar.
Beijossss
Gostei muito deste conto, Licas!
E sim, temos de seguir em frente, porque há sempre alguém que precisa de nós, da nossa atenção do nosso amor e carinho.
Beijocas e bom fim-de-semana para ti! :)
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