quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
CONHECE OS SEM-ABRIGO?
Ultimamente e sobretudo nesta época natalícia, muito se fala dos Sem-Abrigo.
O que sabem desta faixa da população portuguesa que, devido à crise instalada no país e até no mundo, tem alargado muitíssimo?
Muita gente, mesmo entidades públicas, supõe que o Sem-Abrigo é um velhinho, pobre inculto, sem família, ABANDONADO.
Também é, mas não só.
Poder-se-á hoje concluir que a larga maioria se situa na faixa etária dos 35-40 anos, com predominância do sexo masculino, muitos deles com formação académica média, ou mesmo superior, com família, mas que, por própria culpa, ou dos que o rodeiam ou ainda da crise laboral, se vêm com todos os laços cortados.
Entram num desnorte, que os leva à desorientação, à perda de valores e finalmente à total exclusão social.
A auto-estima perde-se, o amor próprio também e ficam apenas entregues ao seu lado vegetativo e por vezes até irracional.
Se têm a sorte de serem encontrados, e terem quem lhes estenda a mão, os trate e acompanhe física e psicologicamente e lhes dê a possibilidade de viverem com uma certa dignidade e conseguem reerguer-se, ou então a degradação começa a ser cada vez maior e depois dificilmente se consegue inverter a situação.
Falo com experiência, porque acompanho há muito a Instituição mais antiga do país, que desde 1881 se dedica aos Sem-Abrigo, 365 dias por ano, oferecendo-lhes jantar, cama, artigos de higiene, roupa lavada e pequeno almoço. A partir de Janeiro os utentes que queiram incluir-se num programa de reinserção terão também o almoço e lanche e actividades durante todo o dia.
Para além disso, através da Equipa Técnica é-lhes disponibilizado apoio médico, psicológico e social, que procurando sempre que possível a reintegração não apenas a nível familiar, como no mercado do trabalho.
Não é fácil lidar com esta população, porque também não é fácil “apanhá-los” logo que assumem o estatuto de Sem-Abrigo, pelo que quando chegam já adquiriram vícios e formas de estar algo difíceis de mudar.
Eu e uma colega em conjunto com a Equipa Técnica, começámos a trabalhar com um grupo de 12 pessoas, no sentido de as tirar o maior tempo possível da rua e descobrirmos as suas capacidades e a vontade de evoluírem.
Foi criado um atelier, com o intuito de preparar o Natal.
Executaram-se trabalhos com papel e outros materiais reciclados, despertou-se o gosto pela leitura e escrita, valorizou-se a auto-estima, criou-se um grupo coral que actuará na festa de Natal e editou-se o 1º jornal, com artigos dos próprios utentes e de todas as pessoas da Instituição que desejassem colaborar.
Foi mês e meio de dedicação e de integração total.
Descobrimos valores escondidos, emoções e frustrações partilhadas, risos, choro, algumas desistências, mas chegámos ao dia de hoje – Festa de Natal – com 9 utentes que irão actuar no coro e na declamação de poemas.
Estão felizes e sobretudo muito valorizados.
Este atelier, que será alargado gradualmente, irá continuar, com alguma formação e o desenvolvimento de outras actividades.
Posso, para terminar, fazer uma pequena analogia. Passei a minha vida profissional a leccionar em escola com crianças mais ou menos complicadas e garanto que a forma de actuar para com os Sem –Abrigo faz uma ténue diferença, o que nos leva a concluir mais outra característica desta população – a infantilização com todas as características que lhe são inerentes: a distração, a mentira ocasional, a desculpa esfarrapada, a criatividade e a necessidade de uma estimulação constante.
Termino citando o nome da Instituição a que me referi, para que um dia tenham vontade de a conhecer, partilhar, nela trabalhando como voluntários.
ASSOCIAÇÃO DOS ALBERGUES NOCTURNOS DO PORTO
alberguesnoctporto.no.sapo.pt
Espero ter despertado algum interesse por esta problemática que poderão aprofundar no livro:
VIDAS À PARTE – PASSADO, PRESENTE E FUTURO
Poderão pedi-lo para:
albergues@sapo.pt
A Instituição e os Sem-Abrigo da Cidade do Porto agradecem.
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2 comentários:
Isto é uma realidade por vezes bem diferente do que as pessoas imaginam.
Obrigada pela partilha, boa lembrança, e nós por vezes esquecemo-nos deles.
Beijo
Isabel
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ENFIM DESEJO UM SANTO E FELIZ NATAL
BEIJOSSSS
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